segunda-feira, 20 de junho de 2011

O BACHAREL DE CANANÉIA

Quem visitou a Casa Martim Afonso, já deve ter escutado falar do Bacharel de Cananéia, responsável pela construção do primeiro muro de alvenaria do Brasil. Localizado na Casa,  serve como atração turística na cidade de São Vicente. Conheça um pouco sobre a sua história.


Pouco se sabe sobre a história dos 30 primeiros anos do Brasil, no período que se estende de 1500 com a chegada de Cabral, a 1532 quando o fidalgo Martim Afonso de Sousa veio para cá e iniciou o período de colonização das Américas. Neste período, a Coroa Portuguesa priorizou o comércio com as Índias Orientais. Enquanto isso, aqui o caminho ficou aberto para os primeiros traficantes de Pau-brasil, entre eles franceses e ingleses. Os portugueses, além de traficar a madeira, se preocuparam em mapear a costa brasileira e deixar aqui alguns degredados.
Os degredados eram pessoas que cometeram algum crime, ou de alguma forma, manifestavam-se contra a coroa e eram banidos de Portugal. Inicialmente, estes degredados eram enviados para a África e, depois do descobrimento da América, o Brasil virou a sua nova casa.
Entre eles, há um personagem intrigante, seu nome ao certo ninguém sabe, os documentos antigos o chamam de Bacharel de Cananéia. Para alguns historiadores o seu nome verdadeiro seria Duarte Peres, outros defendem que ele seria na verdade Cosme Fernandes Pessoa, que foi deixado aqui pela expedição de Américo Vespúcio, realizada em 1502. Outros também defendem que o motivo do degredo do Bacharel seria o fato de ele ser um judeu que se recusou a virar cristão. Apoiam-se nesta afirmação usando o nome de “Cananéia” que seria uma alusão a “Canaã”, a terra dos judeus no primeiro testamento.

Bacharel de Cananéia pela visão do Pintor Carlos Fabra

Deixado no local onde hoje é a cidade de Cananéia, exatamente onde a Linha de Tordesilhas cortava os territórios espanhóis e portugueses, o Bacharel começou ai a sua saga, em menos de 30 anos virou o “senhor” da costa sul brasileira, conhecido e temido por todos. Ele fez amizades com os índios, aprendeu a falar a língua deles e se casou com pelo menos seis índias. Alertado pelos índios sobre uma boa terra localizada ao norte, o Bacharel se mudou de Cananéia para a Ilha de Gohayó (Ilha de São Vicente) e em uma região de muitos animais, frutas, uma boa área para de fazer um porto, ele concretizou seu mais ambicioso plano. Percebendo a movimentação européia em busca de minas de prata e ouro, o Bacharel se transformou em uma espécie de fornecedor para os marinheiros: um navegador português, Diogo Garcia de Moguer, que passou pelo Brasil, fez um relato em 1527, falando de uma parada em São Vicente, onde eles tomaram refresco, foram abastecidos com carne e pescados, água e lenha, e escravos indígenas, além de comprar um bergantim (pequena embarcação) de um dos genros do Bacharel. Diogo Garcia, em 1530, faz outra descrição do povoado comandado pelo Bacharel e apoiado por outros degredados portugueses e espanhóis, afirmando que “a povoação possuía dez ou doze casas e uma de pedra para protegê-los dos índios em tempos de necessidades”.

Gravura da povoação do Bacharel de Cananéia em São Vicente feita pelo Artista Plástico Gaspar Mariano

Com a chegada de Martim Afonso em 1532, o Bacharel voltou para Cananéia. Enviado pelo rei de Portugal, Martim Afonso ficou no Brasil durante um ano e meio, partindo depois para as Índias Orientais. Após a sua partida, o Bacharel voltou à São Vicente em 1536, destruindo a povoação e matando seus desafetos partidários de Martim e do Rei.  Este último ato selou o seu desaparecimento. Temendo as represálias portuguesas, o Bacharel sumiu de São Vicente e pouco sabe sobre o seu destino final.
A pequena povoação iniciada pelo Bacharel deu origem a Vila de São Vicente. Ele criou uma área de atracação para as embarcações e é tido como o primeiro grande escravagista do Brasil, capaz de vender de uma vez só 800 indígenas para os europeus. O Bacharel recusou o convite do rei português para voltar ao Velho Mundo, preferiu ficar por estas terras e, ao ajudar diversos reinos europeus, chamou a atenção do Império Português para as suas terras no Novo Mundo. Mesmo com toda a sua importância, o seu nome parece ficar marginalizado frente a outros personagens, talvez pela sua personalidade controversa ou por ter sido um homem que foge dos padrões dos heróis da História.


Bibliografia
BUENO, Eduardo. Náufragos, traficantes e degredados: As primeiras expedições ao Brasil. 1º ed. Rio de janeiro: Objetiva, 1998.
KEATING, Vallandro e MARANHÃO, Ricardo. Diário de navegação: Pero Lopes e Martim Afonso de Sousa (1530 – 1532). 1º ed. São Paulo: Terceiro Nome, 2011.
PRADO, J. . F. de Almeida. São Vicente e as Capitanias do sul do Brasil: As origens (1501 – 1531). 1º ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1961.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Tema: Anna Pimentel

Confira outro vídeo do programa  Arqueonews, com a presença do Historiador Marcos Braga, apresentado pelo Arqueólogo Prof. Dr. Manoel Gonzalez.

Parte 1


Parte 2


Parte 3



Tema: Exposição Arqueológica S.V

Confira através do vídeo do site Youtube, a entrevista do Historiador Marcos Braga, para o programa Arqueonews,  apresentado pelo Arqueólogo Prof. Dr. Manoel Gonzalez.

Parte 1



Parte 2 







terça-feira, 7 de junho de 2011

Inauguração do Sítio Arqueológico Bacharel


Em setembro de 2009, começaram as escavações do Sítio Arqueológico Bacharel, que só foi aberto ao público, em janeiro de 2010, na semana em que São Vicente comemorou o aniversário de 478 anos.
Confira as fotos do evento:









Obs.: Clique na foto para ampliá-la.

Exposição fica até dia 31 de julho 2011

Confira a matéria sobre a inauguração da exposição "São Vicente Arqueológico", publicada no jornal Nossa Cidade, na edição de março/abril 2011.



Obs.: Clique na foto para ter uma visualização maior.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Confira essa matéria que saiu no site da A Tribuna, em janeiro de 2010

Fonte: A Tribuna 
Data em que foi publicado o texto: Quarta-feira, 20 de janeiro de 2010 - 06h56

História

Sítios arqueológicos de São Vicente abrem à visitação

Da Redação

As escavações arqueológicas que estão sendo realizadas na Casa Martim Afonso, em São Vicente, podem ser visitadas pelo público a partir desta quarta-feira. O Sítio Arqueológico Bacharel fica na Praça 22 de Janeiro, no Centro. O evento faz parte das comemorações pelos 478 anos de fundação da Cidade. 

O imóvel passou por adaptação para recepcionar o público ­com montagem de iluminação especial: bunner e guarda-corpo garantem o acesso ao local. As pessoas poderão circundar por cima das escavações e observar, sem vidros, tudo o que os pesquisadores fazem na parte de baixo. 

Os bunners colocados no circuito de visitação possuem todas as explicações sobre o que acontece e do que está sendo encontrado. Os trabalhos de escavação são coordenados pelo arqueólogo da USP, Manoel Gonzalez. 


As escavações iniciaram em setembro de 2009 e, por enquanto, acontecem somente em uma área externa da Casa Martim Afonso. Até o momento já foram recolhidos 883 objetos, entre conchas, ossos de animais e humanos, vestígios de sambaquis datados de cerca de 3 mil anos, além de pedaços de cerâmica de 800 anos e outras peças. 

A descoberta é considerada excepcional porque reúne em um único local quatro sítios arqueológicos (cada um de uma época). Os quatro sítios são os de sambaquis, com cerca de 3 mil anos; o de ocupação tupi, de 800 anos; o de miscigenação e transição de povos, no caso específico de negros com índios (século 15) e de núcleo colonial (séculos 16 a 18). 


As pesquisas são feitas em uma vala subterrânea de 2m10 de profundidade, por dez metros de comprimento, por três metros de largura. Entretanto, os visitantes também poderão ver algumas das peças ­ já limpas e catalogadas ­ dentro do salão de exposição da Casa Martim Afonso. 

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Casa Martim Afonso no Youtube


Confira alguns vídeos sobre a Casa publicados no youtube:


 
Exposição “200 Anos de Moda Francesa – 1750 a 1950” na Casa Martim Afonso


Entrevista com o Curador da Exposição no Canal Aquaviário_TVB - Maio de 2010.








TV São Luis – PA Viagem – Casa Martim Afonso



Texto publicado pelo site G1 (da Globo)

Apesar de o texto ser um pouco antigo, estamos postando no blog, pois é uma matéria muito importante para a Casa, já que saiu no site do G1, da Globo.com.

Créditos:
O Portal de Notícias da Globo
Data: 03/12/09 - 10h10 - Atualizado em 03/12/09 - 12h42
Jornalista responsável pelo texto: Juliana Cardilli, Do G1, em São Paulo
Fotos: Márcio Pinheiro/PMSV

Link do texto: 



Peças históricas confirmam povoamento antes da fundação de São Vicente
Prefeitura e arqueólogos encontraram objetos que datam de 1516. Primeira vila do Brasil foi fundada na cidade em 1532.

A Prefeitura de São Vicente, no Litoral Sul de São Paulo, descobriu por meio de escavações no Centro da cidade construções e objetos arqueológicos datados entre 1516 e 1520, comprovando o povoamento do local antes da fundação oficial da primeira vila do país, em 1532. Os trabalhos começaram em setembro, e foram finalizados no fim de novembro. De acordo com a prefeitura, o sítio será aberto para a visitação do público, dentro da Casa Martim Afonso de Sousa, entre janeiro e fevereiro de 2010. 


As escavações foram feitas no entorno de uma parede histórica que já estava parte à mostra no local. A base desta parede estava coberta, e a prefeitura fez um convênio com o Centro Regional de Pesquisas Arqueológicas para fazer uma limpeza no local e encontrar a base. 



 “Já sabíamos que a parede era antiga, mas achamos ainda mais coisas. Encontramos um sambaqui, ocupação que data de 3 mil anos atrás, cerâmicas da cultura tupi acima deles e acima destas cerâmicas havia louças, objetos de ferro, vidro e bronze, utilitários usados no processo colonial”, explicou o arqueólogo Manoel Gonzalez, que participou dos trabalhos. 


A base da parede e os objetos do período colonial foram datados como sendo de antes da fundação da cidade. O que não é uma novidade para os historiadores. “A história de que havia construções nesse local antes da chegada de Martim Afonso [um dos fundadores da vila] é muito antiga. Aparece em um texto de 1530 de Alonso de Santa Cruz, falando de dez a 12 casas de portugueses e uma construção para se proteger dos ataques dos índios”, explicou o historiador Marcos Braga, da Secretaria de Cultura de São Vicente. 



A descoberta, entretanto, comprova pela primeira vez com material concreto essa informação. De acordo com o arqueólogo Gonzáles, a datação dos objetos históricos foi feita por meio de termoluminescência, técnica mais recente que usa raios luminosos para determinar a data do material. 

No total, foram retiradas do sítio 883 peças arqueológicas, que serão expostas na Casa Martim Afonso de Sousa. Outros materiais foram deixados como parte do contexto do sítio, que será aberto para a visitação do público no início do próximo ano. 

“A gente já sabia que a parte da parede que estava evidenciada não era de uma simples casa, mas de uma edificação maior. Agora, temos a confirmação do que já havia nos textos históricos, a confirmação da importância do local”, afirmou Braga. “Ainda devemos achar mais material no local. Esse é apenas o início do processo.”